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terça-feira, 9 de agosto de 2011

O Chile e a Educação

Nas últimas semanas os noticiários tem sido inundados por uma "repentina" onda de protestos estudantis no Chile. Na semana passada cerca de 800 estudantes foram presos no país, o número elevado de prisões é fruto da proibição pelo governo das manifestações populares. Os manifestantes são maciçamente estudantes, secundaristas e principalmente universitários; além destes há também seus pais e sindicalistas que veem na luta pela educação uma chance de mudar o futuro do país. O futuro do país está sendo construído hoje, nas reivindicações do povo chileno. Hoje mais 270 prisões ocorreram em todo o território. Abaixo segue um histórico das manifestações:

Na província de Iquique cerca de 1.500 manifestantes foram as ruas.

Em Antofagasta o número de manifestantes chegou a 6.000.

Em Copiapó 500 pessoas.

Em Valparaíso 10.000 manifestantes.

Em Chillan, na região de Concepcion foram 2.000 manifestantes.

Em Concepcion 9.000 pessoas foram as ruas.

Em Valdívia na Região dos Lagos 5000 manifestantes.

Na capital, Santiago a marcha reuniu cerca de 150.000 pessoas.

Fonte: Jornal La Nacion (http://www.lanacion.cl/ em 9 de agosto de 2011)

A questão da educação chilena e como ela chegou a este ponto precisa ser analisada a partir das reformas ocorridas nos anos 1980. Neste período da história nacional não havia diálogo do governo com o povo sobre os rumos das politicas públicas nacionais. Isso ocorria pois o governo, no poder desde 1974, possuía um carácter militar e nada democrático. Esse sistema de governo acabou apenas em 1990. Seu principal expoente foi o General Augusto Pinochet. No campo da educação a reforma implantada praticamente acabou com o sistema público de ensino superior, todas as universidades passaram a cobrar mensalidades e muitas passaram a ser administradas por entidades privadas, porem legalmente proibidas de lucrar, o que na prática não acontece.
Apesar dos governos eleitos entre 1990 e 2010 fazerem parte da Coalizão de Partidos para a Democracia (Concertación) e possuírem um carácter de esquerda a "modernização" neoliberal implantada durante o regime militar não foi retroagida ou rediscutida com a população. Com a eleição de Sebastián Piñera, representante da Renovacion Nacional (partido de centro-direita), as reformas  que haviam sido estacionadas voltaram a ser implantadas e aprofundadas.
As atuais manifestações no Chile vem em decorrencia de uma tentativa por parte do governo de reajustar as taxas do financiamento estudantil. Nesse instante acontece um panelaço (cacerolazo) no país pedindo reformar na educação, fim dos lucros pelas instituições de ensino, aumento do financiamento público para a educação, ensino público, gratuito e democrático.

(para informações sobre a reforma neoliberal da educação no Chile em 1981 consultar: DIAZ, Sebastian. A Reforma Neoliberal da Educação Superior no Chileem 1981 Link: http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v20n57/a04v2057.pdf)